quinta-feira, 20 de março de 2008

Quereres


Há tantas perguntas sem respostas esperando na fila enquanto a gente foge e se diverte.
Há dezenas de medos pendurados nos cabides do closet,
E ainda ficamos espremendo mais inseguranças no fundo das gavetas
Há inúmeros sobressaltos em cada novo dia de aprendizagem e
Por que ainda nos espantamos com velhas descobertas e antigas lembranças?
Há tanta coisa que queremos tanto saber e mesmo assim ninguém nos conta.
Por que será que há tanto lá fora e aqui, ainda, o que se sente é falta?
Por que será que não percebemos que já temos o suficiente e que mal temos espaço para acumular tantos vazios?
Por que ainda não nos demos conta da corrosiva ansiedade que nos mutila?
Será que vamos nos afogar em números e nos perder em vontades?
O que adianta nos condenarmos pelos excessos se passamos grande parte da vida reverenciando pequenas coisas sem sentido.
Por que será que não vemos que lá, também como aqui, as coisas podem ser fartas e também precárias?
Por que será que não vemos que o aqui é uma extensão de lá, e que em todos os lugares o homem está cercado e cerceado?
Se formos ver, temos em abundância aquilo que tanto buscamos, mas sempre queremos o do outro e muito mais. O desejo nos condena e o réu nunca está satisfeito com os crimes que cometeu.
Cada dia nos descobrimos assim, condenados por alguma coisa inexprimível e imersos num turbilhão de quereres sem ter fim.